Come-Cotas é uma expressão simbólica para representar um evento negativo no calendário das pessoas que aplicam dinheiro em fundos de investimentos – a cada seis meses, a Receita Federal recolhe antecipadamente o imposto de renda das aplicações financeiras feitas.
“Para o investidor o come-cotas é a pior coisa do mundo. Ele te cobra antes e vai rendendo menos lá na frente”, avalia Octavio Vaz, sócio-diretor da AQ³ Asset Management.
Essa cobrança tributária é feita através da redução das cotas diretamente na fonte.
O percentual da alíquota cai conforme o prazo de investimento, seguindo a seguinte regra:
Período de Investimento Alíquota
- Até 180 dias 22,50%
- De 181 a 360 dias 20%
- De 361 a 720 dias 17,50%
- Acima de 720 dias 15%
Todos os Fundos de Investimentos de Renda Fixa, além dos Multimercados, estão sujeitos à cobrança do Imposto de Renda Antecipado. Exceto alguns, como o fundo de ações, que tem tributação de 15% no final da aplicação.
Fundos de previdência também têm regras diferentes, sendo que só são tributados no resgate.
Confira cada um dos investimentos que sofrem com a incidência ou não.
Fundos de Renda Fixa têm Come-Cotas
Precisam alocar, ao menos, 80% da carteira em títulos do Tesouro Nacional, que são ativos de baixo risco de crédito.
Eles podem ter alavancagens e grandes diferenças de retornos, pois são flexíveis em suas aplicações, que são, na maioria, CDBs (Certificado de Depósitos Bancários), Debêntures, Títulos do Tesouro Prefixados e Pós-Fixados.
https://youtu.be/5dTiZBEAq40
Fundos Multimercados têm Come-Cotas
Diversificam a aplicação em diferentes ativos, como títulos de renda fixa, ações e derivativos de vários tipos, como o câmbio e commodities.
Esses fundos são para investidores de perfil moderados ou arrojados, que tem aceitação ao risco.
Fundos Cambiais Têm Cota-Cotas
Os fundos montam uma carteira de títulos que aplicam em flutuações de moedas estrangeiras ou em variações nas taxas de juros.
Quase sempre, eles são dólares e pode ser usados como forma de proteção em caso de negociação de contratos no exterior, prevenindo perdas em caso de grandes oscilações da moeda americana.
Fundos DI Têm Come-Cotas
Os fundos DI buscam acompanhar a variação do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), uma referência usada pelas instituições financeiras que costuma seguir a Selic.
Nesse caso, a cesta de ativos inclui títulos atrelados à Selic.
Fundos que NÃO têm Come-Cotas:
- Fundos de Ações (IR cobrado apenas no Resgate)
- Fundos de Previdências (IR cobrado apenas no Resgate)
- Debêntures Incentivadas
- Fundos de Investimentos Imobiliário.
Como é Feita a Cobrança do Come-Cotas?
“A cobrança desse imposto é efetuada em quantidade de cotas, ou seja, calcula-se o número de cotas proporcional ao valor financeiro referente ao imposto de renda devido e diminui-se esse número do total de cotas que o cliente possui”, afirma José Tibães, que é analista de fundos da XP Investimentos.
Conforme o Período de Aplicação, o investidor terá que pagar a diferença entre o imposto de renda que incide sobre os valores descontando a cobrança antecipada.
Um grande ponto a se observar é que quando novas cotas são adquiridas, a alíquota cobrada sobre essa nova parcela de investimento começa a ser contada novamente.
“Cada aplicação gera nota nova e cada nota nova gera nova cobrança”.
O efeito, como pode ser visto, é muito danoso aos investidores porque o valor que é cobrado antecipadamente deixa de ser reaplicado e deixa de render juros sobre juros, explica Vaz.
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“O que acontece é que o come-cotas te dá menos oportunidade de acumular mais dinheiro. Além disso, você está antecipando imposto em cima de um rendimento que não sabe se vai continuar obtendo”.
O site infomoney fez uma simulação para explicar a diferença de rendimento em um aporte de 100 mil reais, confira.
Prazo CDI (11,13%) Fundo Come-Cotas Diferença
- 2 Anos R$ 123.498,77 R$ 119.204,20 R$ 4.294,57
- 5 Anos R$ 169.494,88 R$ 155.774,13 R$ 13.720,15
- 10 Anos R$ 287.285,13 R$ 241.880,64 R$ 45.484,49
Desvantagem do Come-Cotas
Conforme o professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas, existe um impacto dessa cobrança semestral de imposto de renda na rentabilidade do seu dinheiro investido.
Na opinião dele, o come-cotas é ótimo para o Governo Federal, mas péssimo para os investidores.
Além disso, come-cotas é cobrado sempre pela menor alíquota aplicável (15%).
Assim sendo, se o investidor não deixar o dinheiro aplicado pelo prazo suficiente, precisará pagar a diferença no ato do resgate. Em caso contrário, nada será tributado a mais.
A medida foi instituída como Medida Provisória em 2001 e transformada em lei em 2004 e é cobrada sempre no último dia útil dos meses de maio e novembro.
Para medir o tamanho desse impacto, a Vérios fez uma comparação na Carteira Online entre uma aplicação que tem o come-cotas e a mesma aplicação sem o imposto tributado.
Para tal, o fundo escolhido foi o BTG Pactual Yield DI, um dos mais tradicionais da Renda Fixa do Brasil. A rentabilidade nominal acumulada do fundo no período estudado foi de 200%, o que equivale a 102% do rendimento do CDI.
A diferença entre a aplicação com a dedução semestral e a com recolhimento do imposto de renda foi de 14 mil reais, o que representa uma perda de 6%.
A simulação envolveu uma aplicação inicial de 100 mil reais em um longo prazo – 10 anos.
Para sermos mais práticos, vamos imaginar outra situação.
Pense que você investiu 10 mil reais e teve um rendimento de 5%. Agora, sua soma é de 10,5 mil reais. No mês de maio, o banco vai recolher o imposto que é de 15% sobre os 500 reais. O valor do imposto será de 75 reais.
Assim, após esse período, o saldo líquido é de 10.425,00 salvo as outras tributações.
Daí, continuando com o pensamento, sua rentabilidade foi de 5%, também. E agora você tem 10.946,25. O imposto de renda é de 15% e vai desconta do seu novo lucro – 521,25.
A nova incidência é de 78,18 reais. O que te deixa com um patrimônio de 10.868,07.
Observe, portanto que você perdeu 153,18 de impostos para o governo.
Recomendações sobre o Come-Cotas
Fica claro que o come-cotas é uma desvantagem por tirar semestralmente os rendimentos da valorização do investimento financeiro. Logo, a diferença que é retirada poderia impulsionar o rendimento do seu título.
Justamente por isso é muito importante levar em conta essa tributação na hora de fazer os cálculos de valorização e de rendimento das aplicações financeiras.
Para descobrir o seu lucro líquido com o investimento escolhido, você tem que conhecer todas as despesas, para isso, leia o regulamento integralmente.
Por exemplo, imagine um título no longo prazo, pensando na aposentadoria, então, leve em conta os seguintes itens para conseguir calcular os melhores retornos financeiros:
- Solidez,
- Histórico de Rendimentos,
- Perspectivas para o Mercado,
- Taxa de Administração,
- Taxa de Perfomance,
- Imposto sobre Operações Financeiras (IOF),
- Come-Cotas, outros.
Ao final da análise, obviamente você chegará a conclusão de que para a aposentadoria é preciso ter um portfólio de investimentos que agregue diferentes ativos e derivativos, para minimizar os riscos.
Com informações do infomoney, genialinvestimentos, clubedospoupadores, verios