Planejamento financeiro definitivo: 7 passos para fazer sobrar dinheiro e investir

Enquanto milhões de pessoas ainda acham impossível ter um planejamento financeiro definitivo, outras não apenas conseguem economizar como já estão fazendo o dinheiro trabalhar para elas. Como investidor e educador financeiro, eu passei a ensinar muitas pessoas a investirem o dinheiro que economizam em ações ou fundos de renda fixa. Mas cada vez mais eu percebo que existem muitas pessoas que não conseguem nem mesmo economizar dinheiro todo mês.

Gastar menos do que o que você ganha e terminar o mês no azul é o grande segredo, por isso decidi ensinar como se planejar financeiramente. Então, vou listar todos os passos necessários para ter um planejamento financeiro, economizar pelo menos 10% do salário, e então estar preparado para investir.

1 – Separar os gastos em 10 envelopes

Os primeiros passos para conseguir encontrar a independência financeira, e nunca mais precisar pedir dinheiro emprestado, são os mais difíceis! Por isso, você precisa estar realmente estar focado e ter força de vontade.

A forma mais fácil e didática de conseguir reduzir os gastos é por meio do uso de envelopes, como eu ensino aos meus aluno e mesmo hoje após atingir a independência financeira, continuo utilizando. Para isso, é necessário ter 10 envelopes que representarão os diferentes gastos do mês. É possível trabalhar com um máximo de 13 envelopes, mas não mais que isso. Escreva em cada um deles o nome dos gastos que serão contabilizados:

Carro: mensalidade do seguro, mecânico, IPVA, combustível;

Casa: condomínio, contas de água, luz, IPTU, seguro, manutenção do imóvel;

Saúde: plano de saúde, remédios, consultas médicas particulares, academia;

Compras ou Gastos Diários: tudo que não entrar nos outros itens, como vestuário, livros ou aquele cafezinho no fim da tarde;

Supermercado: alimentos e produtos de limpeza;

Lazer: viagens, passeios, cinema;

Educação: mensalidades e matrículas escolares, livros, uniformes;

Dívidas: tudo o que é pago com juros, como cheque especial ou dívida no cartão de crédito;

Reserva de emergência (somente a partir do segundo mês): dinheiro que será separado para gastos emergenciais;

Investimentos (a partir do segundo mês): 10% da renda líquida a ser investida todo mês;

Ao fazer isso, escreva em cada envelope o quanto você estima gastar todos os meses, e então passe a inserir nos envelopes as notas fiscais, recibos ou até papeis com anotação do gasto de absolutamente tudo o que tiver que pagar ao longo do mês. Muitas pessoas se surpreendem ao ver que o gasto real é bem diferente do que o estimado, e infelizmente na maioria das vezes o “diferente” é sinônimo de “maior”.

2 – Redefinir os gastos

Após verificar os gastos no primeiro mês, é hora de fazer uma redefinição deles. E a primeira forma de fazer isso é olhando para os maiores “vilões” dos gastos mensais, que são aqueles que podem ser controlados e são percentualmente muito acima do que seria o ideal. Geralmente os gastos com supermercado, lazer e compras são os mais descontrolados.

Comece a fazer planos de como economizar, seja trocando a marca de um produto, reduzindo o consumo de um alimento mais caro, ou trocando o restaurante por um almoço em casa.

O ideal é que 70% de toda a sua renda líquida seja usada para despesas. Assim, 20% vai se tornar sua reserva de emergência e 10% será destinado para investimentos.

É neste momento que é preciso ter dedicação e força de vontade. Para muitas pessoas, é difícil se controlar e não gastar com as ofertas e promoções. Por isso, é preciso ter a mentalidade de investidor, que pensa sempre no futuro e no quanto o dinheiro pode render. Lembre-se sempre: quando você paga juros você caminha para a pobreza, quando você recebe juros caminha para a riqueza!

3 – Renegociar as dívidas

Antes de investir, é preciso acabar com as dívidas existentes. Se você possui dívidas, o passo seguinte é renegociá-las e se dedicar para acabar com elas – e não fazer mais! Para isso, é preciso definir o que é uma dívida: tudo aquilo que você paga com juros! Acredite: até mesmo o financiamento da sua casa deve ser considerado uma dívida se você tiver a mentalidade de um investidor. Os pagamentos no cartão de crédito só não são considerados dívidas se você paga todos os meses a fatura completa, e se tornam dívidas quando você passa a pagar a fatura mínima e começa a dever para o banco.

Assim, se a sua dívida tem juros muito altos, é vantajoso pegar um empréstimo com juros menores para quitar esta – como é o caso do cartão de crédito – e então se preocupar com a nova dívida, agora com juros mais baixos. Mas isso deve ser feito com cuidado. E o mais importante é não deixar de lado o envelope de investimento, pois é possível investir mesmo com uma dívida em andamento. Sabe por quê? Porque em certo momento, os juros do investimento podem cobrir os juros da dívida.

4 – Definir os objetivos

Neste passo, é necessário definir os verdadeiros objetivos do investimento. Algumas pessoas investem em um fundo de renda fixa para comprar um carro, outras querem realizar o sonho de uma viagem, e alguns investimentos são feitos visando um conforto para a aposentadoria. Defina quanto você deseja ter ao fim do investimento, reflita sobre suas metas a curto e longo prazo, e calcule quanto tempo vai demorar para alcançar o que você gostaria de ter.

Os objetivos bem definidos ajudam no controle dos gastos, e servem muito bem para manter a força de vontade. Assim, quando surgir aquele gasto desnecessário ou aquela possibilidade de “torrar” o dinheiro, lembre-se dos seus objetivos.

5 – Criar um “colchão de emergência”

Com o valor do envelope para as reservas de emergência, é preciso criar as reservas necessárias para as situações inesperadas. Elas acontecem cedo ou tarde, e não é do envelope dos investimentos que o dinheiro deve sair. Assim, se a sua geladeira quebrar, se seu celular for roubado ou se você ficar doente e precisar gastar com remédios e tratamento, terá de onde retirar o dinheiro.

Gosto de chamar de “colchão de emergência” porque ele amortece as quedas que são impossíveis de evitar. Ter esse tipo de reserva financeira também ajuda muito a dormir com tranquilidade, o que é ótimo para ter mais qualidade de vida.

Mas atenção: nada de usar o dinheiro da reserva para comprar coisas desnecessárias. Se você perceber que o dinheiro da reserva está indo para cobrir gastos do mês, é sinal de que precisa reduzir os gastos mensais. E lembre-se: a revisão programada do carro é um gasto que precisa ser previsto dentro do orçamento, mas o gasto com o mecânico devido a um acidente ou imprevisto pode vir da reserva!

6 – Fugir da poupança

Quando se fala em guardar dinheiro para emergências, muitas pessoas pensam na hora em uma conta poupança. Só que é preciso fugir da conta poupança como o diabo foge da cruz! O ideal mesmo é ter um fundo de investimento de onde se possa tirar o dinheiro facilmente. Geralmente o chamado CDB é o suficiente, já que rende mais do que a inflação.

O grande problema da conta poupança é que ela rende apenas 75% da taxa SELIC, que é a taxa básica de juros. Isso significa que uma conta poupança rende menos de 10% ao ano, quando a inflação está acima de 10%. Isso significa que o dinheiro da poupança não rende o suficiente para acompanhar a inflação, e por isso ele apenas se desvaloriza.

7 – Investir em renda fixa

Se a ideia é fugir da poupança, o segredo é investir em renda fixa. Muitas pessoas querem começar a investir na bolsa assim que conseguem guardar um pouco de dinheiro. No entanto, para se tornar um investidor de ações é necessário ter quantias mais altas, enquanto que um investimento em fundos de renda fixa é possível começar com apenas R$ 30.

Por isso, o último passo para conquistar a independência financeira é dar foco para aquilo que realmente dá resultado. Não se preocupe em investir em ações enquanto não tiver acumulado a quantia necessária. Tudo tem seu tempo!

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