Dinheiro traz felicidade, garante Pesquisa da FGV

A pesquisa foi feita com base em dados da Sondagem do Bem-Estar organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgados no Estadão/Broadcast, depois publicada na Infomoney.

Assim sendo, foi mostrado que quanto mais alta é a renda do brasileiro, maior é a pontuação no ranking de satisfação – os entrevistados que recebiam até 1,2 mil reais mensais tiveram menor índice de felicidade (7,58 pontos) e quem recebia acima de 10 mil reais, tinha nível de satisfação mais alto (8,22 pontos).

“Quando você pensa em satisfação com a vida, você leva em conta vários aspectos, subjetivos e objetivos. A questão da renda é muito importante, é bastante tocada nas pesquisas de bem-estar no mundo inteiro”, diz Viviane Seda, que é coordenadora do Ibre/FGV.

A pesquisa levou em conta pouco mais de 2,5 mil moradores de São Paulo e do Rio de Janeiro. E foi feita durante os meses de junho e agosto de 2016 e depois entre setembro e outubro do mesmo ano.

“Quanto maior a renda, a média de felicidade é mais alta”, ela diz.

Conforme resultado da pesquisa, a média de felicidade foi crescendo conforme a média de renda também aumentava, veja a classificação resumida!

  • De 1,2 a 2,6 mil reais – Índice de 7,77 pontos
  • De 2,6 a 5,250 mil reais – Índice de 7,94 pontos
  • De 5,250 a 10 mil reais – Índice de 8,09 pontos

Os resultados falam na prática

Jorge Luís é vendedor ambulante e diz ter saudade da época em que ganhava 3 salários mínimos mensais como auxiliar de serviços gerais em uma empresa privada que atuava na Petrobrás.

Jorge Luís perdeu o emprego, a carteira assinada e os direitos trabalhistas. A família é que foi a mais prejudicada, já que a renda diminuiu.

Atualmente, ele vende picolés no Rio de Janeiro e ganha o suficiente para pagar as necessidades primárias – porém, precisa de ajuda dos parentes para sustentar a casa onde vive.

“Naquela época nós erámos felizes e não sabíamos. Eu era mil vezes mais feliz do que hoje. Eu só consigo tirar meu sustento porque, graças a Deus, não pago aluguel e minha família me ajuda, todo mundo trabalha”, conta.

Diego Nicheli Chagas é outra pessoa que viu sua satisfação pessoal aumentar conforme crescia na empresa e ganhava mais dinheiro. Em menos de 8 anos, passou de trainee para coordenador na área financeira do Grupo Estácio.

Recentemente, veio a nova notícia – Diego tornou-se Gerente de Operações Financeiras.

“O salário foi ficando mais elevado, a vida começou a muda. Eu, que era noiva, consegui me casar. Hoje minha mulher e eu temos a nossa casa. Depois, além de ter me estabilizado financeiramente, estou estabilizado profissionalmente, estou muito mais feliz”, afirmou.

Diego conta que a evolução na renda mudou as oportunidades para a família.

“Venho de uma família humilde. Tive uma ascensão profissional rápida e consegui conquistar muitas coisas que não imaginava. Conseguimos proporcionar até para as nossas famílias algumas dessas viagens”, disse.

Reprodução: Google

O Brasil e o Desemprego

Por outro lado, diferente da história do Diego, há no Brasil uma dura realidade – o desemprego.

“O Brasil é um país em desenvolvimento, tem muito a evoluir, tem que focar principalmente na redução da desigualdade. Não adianta aumentar a renda para uma faixa apenas. A renda tem que ser mais bem distribuída”, afirmou Viviana, que colheu resultados da pesquisa.

Apesar das diferenças, na média geral, os países da América Latina têm pontuação alta em relação a outros lugares do mundo, disse Viviane Seda.

“Isso acontece por conta da questão do convívio social maior, mais interação entre as pessoas, isso ajuda na sensação de bem-estar”, disse.

O que dizem outras as pesquisas

Na University of British Columbia (UBC) e na Harvard Business School pesquisas foram feitas mostrando que o dinheiro não pode comprar tudo, no entanto, traz felicidade – desde que você gaste com outras pessoas.

O estudo deu uma quantia de dinheiro para os voluntários gastarem – metade deveria gastar com eles mesmos e a outra parte com outras pessoas.

Por incrível que pareça, as pessoas que gastaram com outras pessoas se avaliaram como mais felizes, na média.

Outra pesquisa, também nessas universidades, sugeriu que pessoas recebessem uma bonificação em dinheiro e os que gastaram com outros também se sentiram mais felizes.

Para a autora do estudo da UBC, Elizabeth Dunn:

“Essas descobertas sugerem que alterações bem pequenas na distribuição de gastos pode ser suficiente para produzir ganhos reais de felicidade em um determinado dia”.

Para a especialista, o que tem que ser considerado o modo que o dinheiro foi usado com relação à si mesmos.

Alguns anos depois, em 2012, foi publicado um estudo por pesquisadores britânicos com a hipótese de que as pessoas mais felizes e positivas tem mais facilidade em atrair mais dinheiro que os outros.

Conforme a publicação, os pesquisadores viram que as pessoas que expressam seus sentimentos mais positivos e tem maior satisfação com suas vidas tendem a ter salários mais altos que os negativistas.

Em média, pasmem, a vantagem é de 16 mil reais!

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Quanto de Dinheiro é Suficiente

Essa pergunta é polêmica, mesmo porque dinheiro quando é de menos cria uma série de problemas e quando é demais, também pode estragar a felicidade. O duro é saber quando de dinheiro cada pessoa precisa ter para manter o equilíbrio.

Agora, acredite! Daniel Kahneman é psicólogo e dono de um Nobel em Economia e conseguiu chegar a um valor médio. O estudo foi feito em dupla com a Universidade de Priceton e o resultado mostrou que um salário ideal seria o de 75 mil dólares anuais.

75 mil dólares anuais é mais ou menos o equivalente a 165 mil reais no ano – ou seja, uma renda mensal de pouco mais de 13,7 mil reais.

“Muitas pessoas gastam mais do que ganham, isso acaba virando um ciclo muito ruim porque gera outras angústias também relacionadas ao dinheiro”, afirma Aline Rabelo, que é coordenadora do Investmania.

Ela diz que o dinheiro deve ser uma ferramenta para o uso e não para a autodeterminação – “O problema é quando o dinheiro sai da posição de utilidade e vira ferramenta de medição de sucesso financeiro”, completa André Massaro.

Encontrando o Ponto de Equilíbrio Financeiro

“Não estimes o dinheiro nem em mais nem em menos do que aquilo que vale porque ele é um bom servo e um mau amo”, Alexandre Dumas.

Conseguir adequar o estilo de vida ao salário evita que os problemas de ordem prática surjam – mas isso não vai dizer que você não tem que buscar melhores rendimentos.

Obviamente, o ponto de equilíbrio financeiro tem a ver com quanto dinheiro você precisa para ser feliz e isso tem a ver, diretamente com seus valores.

“É importante descobrir qual o significado do dinheiro e quais sentimentos estão relacionados a ele. Cada pessoa vai ter uma forma de diferente de ver isso”, garante a psicóloga Beatriz Bernardi.

Massaro fala que há uma profunda reflexão nisso, a fim de chegar a uma resposta mais palpável – tudo tem que ser visto como um exercício mental.

“Quando paramos para pensar nisso percebemos que há um monte de coisas que queremos porque os outros enfiaram na nossa cabeça que deveríamos querer”, comenta.

“Se tudo for muito importante, é provável que você esteja se deixando levar”, garante ele.

A partir daí, é necessário criar um planejamento financeiro pessoal – faça as contas e inclua quanto dinheiro você pode dedicar ao lazer, conforto e tudo que julgar importante. Persiga seus valores e esqueça a ideia de que quanto mais, melhor.

“A gente tem de encarar planejamento financeiro como exames médicos. Não é agradável, mas é necessário. Quando entra no automático, a gente nem sente mais a chatice”, garante Massaro.

Ah, e para finalizar esse pensamento, considere o pensamento de H. Brown:

“O dinheiro não nos traz necessariamente a felicidade. Uma pessoa que tem 10 milhões de dólares não é mais feliz do que a que tem só 9 milhões”.

Com informações do Infomoney

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